Quaresma, esperança e fé

A quaresma é um dos grandes momentos de nossa fé católica. Muitos de nós não comemos carne, fazemos diversos tipos de jejum e queremos copiar os momentos de reflexão que nosso Pai teve ao ir ao deserto, e ainda, lembrar os quarenta anos em que o Povo de Israel caminhou até a Terra Prometida. É o período em que nos sensibilizamos e pensamos de maneira mais intensa, o que Jesus passou nos momentos de prisão, julgamento, flagelo e crucifixão.Temos então a certeza de que o projeto de Deus, nosso Pai, foi colocado em prática através da vinda do Messias e a nossa redenção, através de seu sofrimento.

Porém, muitas pessoas viram, ficaram receosas e sentiram uma quaresma diferente esse ano. Em meu caminhar por várias grupos diferentes em minha vida cotidiana, pude ver católicos falando abertamente as mazelas de nossa Igreja, vi também ateus, protestantes, gnósticos, espíritas, muçulmanos e muitos outros tecendo comentários e discutindo o que a nossa religião deveria fazer.

Mas, como sempre acontece, nada está em nossas mãos. Foi uma quaresma diferente, onde, não de forma mágica, milagreira, como muitos irmãos apregoam por aí, pudemos sentir o soprar do Espírito Santo em nossa História. A renúncia do Papa Bento e todo esse processo de discussão em torno do que devemos ser, foi sem dúvida, fruto da mão interventora do advogado de Cristo sobre nós. Uma quaresma como essa deve ser inesquecível! Pois, ao final desse deserto, surgiu um Papa, do "fim do mundo", da periferia, dos subúrbios, de onde não se espera vir nada de bom, como a bíblia deixa claro quando trara Nazaré de um lugar que não pode vir nada de bom. 

Não quero aqui levantar discussões sobre temas polêmicos que devem ser revistos pela Igreja ou não. Simplesmente, deixo claro que ela é uma instituição particular, que deve seguir sua vida de modo particular. Creio também que não deve intervir na vida da sociedade de modo escuso nem com lobby, mas exercer sua cidadania colocando o que pensa, o que acredita, assim como todos os grupos buscam sua representatividade de forma natural. Pois, ninguém deve viver sobre a ditadura de ninguém.

Bem, voltando ao assunto principal. Além de ser uma Papa "suburbano", escolheu o nome de Francisco de Assis e afirmou que a Igreja deve estar do lado dos pobres. É importante entendermos isso de uma forma muito clara, pois durante séculos a Igreja negou a importância de Francisco como um real caminho para o catolicismo. Ele foi até modificado e é mais conhecido como o santo da Ecologia. Sem dúvida sua visão sobre a criação é muito singular, porém, quem lê seu Testamento e vê sua trajetória sabe que em sua praxis o estar com o pobre, o viver com o pobre é fundamental para se entender o que é a mensagem de Jesus.

Então, mais do que uma escolha de nome, nessa quaresma, nossa Igreja deve estar começando a rumar em caminhos nunca dantes navegados. O que nos pode trazer a esperança de que os excluídos,  descriminados e sem voz, vão poder falar mais alto dentro de nossos templos e em nossa vida eclesial. Que então nossa fé vai ser fortalecida, pois sentiremos mais de perto a presença de Jesus pobre, que não tinha onde reclinar a cabeça, e que deve ser a fonte de todas as nossas ações na Igreja.

A todos Paz e Bem!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Francisco e a verdade

Traças para que?

“Um Grande Museu de Novidades”