Estigmas: Sinais para a caminhada cristã franciscana
“Francisco já tinha morrido para
o mundo, mas Cristo estava vivo nele. As delícias do mundo eram uma cruz para
ele, porque levava a cruz enraizada em seu coração. Por isso fulgiam
exteriormente em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha penetrado profundamente
em seu coração”. (Tomás de Celano –
Vida II, 211)
São muitas as palavras que podem
ser escritas sobre este acontecimento na vida do Poverello de Assis. Deus em
toda sua misericórdia procura sempre sinalizar às mulheres e aos homens das
mais diversas épocas o caminho para sua libertação e a vivência do Amor que é o
próprio Cristo. Em Assis no final do século XII nasceu um desses sinais vivos.
Francisco em si foi o sinal de que os cristãos deveriam mudar a forma de como
se relacionavam com o Criador na busca de sua Salvação. Principalmente os
membros da estrutura da Igreja.
Os pobres que eram amados pelo
Senhor sofriam privações, injustiças e eram considerados cidadãos de segunda
classe. O trabalhador manual não tinha valor. As mulheres eram humilhadas e
viviam sob a égide de um machismo patrocinado inclusive pela Igreja.
A sociedade precisava de sinais
de que Deus estava contra uma sociedade que era opressora, injusta e
preconceituosa. Começaram então a surgir grupos contestadores que não aceitam a
situação. Alguns possuíam uma radicalidade exacerbada, ou eram visto desta
forma pelos poderosos. Tanto que se tornaram hereges, segundo a visão dos
prelados da Igreja.
Surge também Francisco. Que com
sua própria vida excedeu no Amor. Fez mais que abraçar aos injustiçados,
tornou-se um deles. Levou ao pé da letra
a vivência do Evangelho. Buscou sentir as dores e os sentimentos daqueles que
eram, segundo o Sermão da Montanha, o próprio Cristo.
Em sua busca passou a ser
denúncia viva do que estava sendo contrário aos ditames de Cristo. Sua
radicalidade foi tão grande que nem seus companheiros conseguiam entender.
Sinal de esperança e vida fraterna. Sinal de concretização do que o Senhor
queria.
Por isso, como confirmação de tal
amor ao Cristo, Deus lhe transformou em um sinal ainda maior. Deu-lhe a graça
de levar em seu próprio corpo as feridas e dores de Jesus, ganhos e sentidos,
no momento em que morria para a remissão dos pecados da humanidade.
Temos que ir além para analisa
este acontecimento. Não se trata apenas de um milagre demonstrativo. Foi algo
de uma profundidade inimaginável. Em um momento em que se buscava modificar as
ideias inicias do Pai Seráfico. Temos que lembrar que teve que modificar sua
Regra amenizando vários pontos de seu ideário, foi contestado por membros da
Igreja e de sua Ordem. O Senhor confirma nele a coerência com o projeto da
salvação.
Os estigmas tornaram-se um
milagre que alçam o Santo a outro patamar. Mostram que o Senhor está realmente
com ele. Deixa claro que não são as mudanças propostas que fizeram a diferença.
A coerência que Francisco teve em sua caminhada é então comprovada. Teve tanto
amor pelo Amor que foi lhe dado à possibilidade de segui-lo até em suas dores.
O Poverello tornou-se então a demonstração do que seria o projeto que Cristo
queria para nós. Paz e bem!
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