“Um Grande Museu de Novidades”

Talvez para muitos, os programas de TV são apenas diversão. Para outros, além disso, podem ser termômetros ou mostras do que os homens da telinha pensam e fazem nossa sociedade pensar. Aí vem a pergunta e daí? Que papo é esse? Não falou nenhuma novidade até agora!!
Sim, mas as coisas são muito mais sutis do que pensamos. Estava eu no recanto do meu lar buscando diversão na telinha. Quando após um tradicional programa dominical da TV Globo começou um humorístico sobre um hospital. Sem dúvida o programa é engraçado. Porém, em seu contexto, nesse último domingo dia 25/04, ele me fez refletir. Em uma sociedade que prega a igualdade, o respeito e a aceitação, observei algo que não deveria passar despercebido por aqueles que assistem e fazem esse tipo de programação.
Entre os médicos temos representados a classe média e alta do nosso país. Entre os auxiliares de enfermagem temos um nordestino e pasmem a recepcionista é uma argentina que trata a todos com o maior desdém. Mas nesse domingo, eles se superaram, colocaram um negro. Mas o negro foi o responsável por transformar o hospital em um grande camelódromo. Vendeu de tudo desde os famosos produtos chineses até remédios sem autorização.
Achei intrigante não ter entre os personagens nenhum profissional negro. Mas termos um camelô negro.
Vemos então dois aspectos fundamentais. O primeiro quanto a realidade de nossa sociedade que não dá oportunidades de nossos jovens nordestinos e negros, pobres ascenderem a profissões tão bem remuneradas como a da medicina. E em segundo lugar a sociedade só consegue enxergar o negro e o nordestino em um lugar subalterno e marginal.
Outra grande construção preconceituosa do programa era a da personagem portenha, vista como pessoa mal educada e, além de tudo a responsável por internar o camelô que era seu namorado ilegalmente no hospital. Vemos na verdade um verdadeiro olhar preconceituoso em relação ao outro.
A diversão de domingo tornou-se para mim um pesadelo. Fiquei pensando nos milhões de jovens que assistem a esse programa e devem achar normais essas posições sociais e o olhar que se dirige ao diferente por esses autores.
Precisamos refletir que sociedade queremos, pois se continuarmos assim estaremos criando como dizia Cazuza “Um museu de grandes novidades”.

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